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A maldição do conhecimento

Eis alguns conselhos excelentes sobre como escrever com clareza, especialmente para pequenos agricultores.

Steven Pinker escreve livros encantadores sobre a linguagem e a mente, nos quais consegue explicar ideias complexas com clareza. Ele é tão lido que diversificou seus temas e escreveu um livro otimista sobre violência, explicando que, independentemente do que a maioria das pessoas pensa, o mundo está ficando mais pacífico, e Pinker apresenta os números para demonstrar isso.

Na maioria dos livros de Pinker, em um momento ou outro, ele ridiculariza o que chama de "puristas" que corrigem o inglês de outras pessoas. Os puristas geralmente estão armados com regras falsas da gramática inglesa.

Por isso, quando soube que Pinker havia escrito um livro de estilo sobre a escrita correta em inglês, The Sense of Style (O sentido do estilo), tive que ler. Era a chance de ouvir o mestre se dedicar a um gênero que ele geralmente criticava.

Pinker confessa que adora livros de estilo e já leu vários. De todas as percepções de Pinker sobre a boa escrita, uma realmente se destaca: a maldição do conhecimento. Como Pinker explica, quando uma pessoa sabe algo, ela presume, inconscientemente, que as outras pessoas também sabem. As pessoas que escrevem muito sobre determinado assunto podem, sem querer, deixar de fora tanta informação sobre o contexto que o artigo se torna quase impossível de entender.

Quando as pessoas escrevem artigos para seus colegas, elas sintetizam ideias complexas em palavras e frases curtas e densas – por exemplo, os aeroportuários dizem "bird strike" (colisão com pássaro) quando querem dizer que um avião atingiu um pássaro. Esse jargão torna a redação técnica clara o suficiente para especialistas no assunto, mas difícil para o restante das pessoas.`

Às vezes, uma palavra comum adquire novo significado em um jargão. Por exemplo, um mercado é um local concreto onde compradores e vendedores se reúnem para oferecer alimentos e ferramentas para venda em pequenas barracas. Mas no jargão econômico, o mercado é uma abstração usada para qualquer arranjo de compra e venda. O "mercado de terra" ou o "mercado de água" é um espaço imaginário. Ao escrever para agricultores que não estudaram economia na universidade, é melhor dizer "você pode comprar este produto em uma loja" do que dizer "o produto está disponível no mercado ou em uma loja".

Quando meus colegas e eu ensinamos redação técnica, eliminamos a maior parte do jargão dos agrônomos para que o texto fique compreensível para os agricultores. Somos editores úteis simplesmente porque não somos amaldiçoados com o conhecimento que nossos alunos têm.

A melhor cura para a maldição do conhecimento, como explica Pinker, é pedir a outra pessoa que leia seu artigo. Nunca será possível entrar completamente na mente de seus leitores, mas você pode mostrar seu artigo a eles e pedir que leiam e comentem. Essa é uma maneira muito boa de descobrir quais partes de sua redação são confusas.

A Agro-Insight (www.agroinsight.com), que produziu muitos vídeos para a Access Agriculture (www.accessagriculture.org), ajudou as pessoas a escreverem fichas técnicas de uma página para os agricultores. Ela compartilha uma versão preliminar das fichas técnicas com os agricultores e aprendeu muito com essa experiência de "revisão por pares dos agricultores".

Pedir a alguém, qualquer pessoa, para ler um rascunho de seu trabalho geralmente ajuda a evitar pelo menos parte da maldição do conhecimento, pois, como diz Pinker, a maior vantagem dessa pessoa é que ela não é você. A redação técnica não precisa ser rebaixada, apenas mais compreensível.

Leitura adicional

Bentley, J. e Boa, E. 2013. The snowman outline: fact sheets by extensionists for farmers (O esboço do boneco de neve: fichas técnicas de extensionistas para agricultores). Development in Practice 23(3), 440-448. doi/abs/10.1080/09614524.2013.781129

Pinker, Steven 2014. The Sense of Style: The Thinking Person’s Guide to Writing in the 21st Century. New York: Viking. 359 pp.

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